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quinta-feira, 30 de setembro de 2010







Cornélio Pires o pioneiro

Cornélio Pires resolveu organizar a sua "Turma Caipira". Estava disposto a registrar em disco, a autêntica música caipira. Cornélio ao contrário do que alguns dizem, querendo diminuí-lo, não era um mero comerciante, preocupado em vender, em encher o bolso, mas era antes de tudo, um folclorista, preocupado sim, com a preservação da memória musical de nosso país. Vendia mesmo, pois aliado ao seu talento, estava o gosto popular.
Era um "show-man". Joffre registrou em livro biográfico "A VIDA PITORESCA DE CORNÉLIO PIRES", o que o escritor Afonso Schimidt disse a respeito: "Cornélio Pires aonde chegava era uma festa. Escreveu livros cujas edições se multiplicavam. Foi talvez em determinado período, o mais conhecido dos escritores vivos. No meio disso,exerceu o jornalismo, publicou almanaques. Depois se dedicou ao comércio, a indústria. Ganhou e perdeu dinheiro como água. Uma só coisa não perdeu na barafunda desta cidade; a maneira gentilíssima de ser namorado da terra em que nasceu".
Em fevereiro de 1929, a Colúmbia lançara no mercado fonográfico os seus discos. Cornélio botou a idéia na cabeça de gravar em disco, as suas anedotas, interpretadas por ele mesmo, e algumas "modas caipiras", interpretadas por autênticos violeiros da região de Piracicaba.
Conhecedor do folclore, sabia que em Piracicaba havia bons violeiros. Residira naquela cidade em 1914. Já conhecia José Sorocaba, Sorocabinha, Sebastiãozinho Camargo e Nitinho Pintô (este falecido em 1926), pois com estes violeiros fizera apresentações na Capital de São Paulo. Conhecia também o trabalho de Mandy, de quem recebera vários poemas, através do seu amigo, o saudoso escritor Thales de Andrade, e publicara em seu livro "MIXÓRDIA" (em 1927).
Organizou a "Turma Caipira Cornélio Pires" no início de 1929. Levou-os a São Paulo para fazerem uma temporada, no bairro de Vila Mariana, no Cine Paulicena. Dizia Cornélio Pires:
"A música argentina, o tango, está invadindo São Paulo. Como brasileiros, nós temos que reagir. Não somos contra o tango, mas temos que mostrar a nossa música, a "moda de viola", ritmo autenticamente nosso".

Fonte: Livro Turma Caipira Cornélio Pires Os Pioneiros da "Moda de Viola" em 1929.
Escrito por Israel Lopes

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